terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Há muitos e muitos anos surgia um Grupo Escoteiro

Já foi dito em alguns posts atrás sobre o nascimento de um grupo escoteiro. Realmente, você ver o nascimento de um grupo, organizadamente, sem os "vicios" dos frustrados e rancorosos que matam o movimento aos poucos, é extremamente gratificante, pelo que o movimento propicia a juventude de uma sociedade.

Lembro-me que em toda minha vida escoteira, participei da fundação de 03 grupos escoteiros, dois deles já relatei em outras oportunidades, que foram o Grupo Escoteiro Cataratas (79/PR) em Foz do Iguaçu e o Grupo Escoteiro Manoel Ribas (89/PR) em Guarapuava. Hoje gostaria de falar algumas palavras sobre a fundação do Grupo Escoteiro São Francisco Xavier (já extinto), que tinha sua sede em Laranjeiras do Sul, muito antes da fundação do grupo Araucária Centenária, também extinto, lamentavelmente.

Lenço do G.E. São Francisco Xavier da década de 80

Foi o primeiro contato que tive com o movimento escoteiro. Hoje vejo que naquela época tudo era muito dificil, se fazia a coisa meio no "peito", tudo muito improvisado, mas para mim era tudo maravilhoso e eu não via a hora de chegar o sábado seguinte para ir a "reunião dos escoteiros".

Do que vem a minha memória, lembro-me que, eu e meu irmão, levados por nosso pai, chegamos por volta do mês de maio de 1981, ao Seminário Xaveriano em Laranjeiras do Sul, à convite do saudoso e estimável Padre Flávio Cossu.

Padre Flávio era um italiano de coração brasileiro. Não era daqueles padres chatos e ranzinzas que conhecemos, pelo contrário, era um cara sensacional que sempre tinha uma palavra legal pra te dar. Conversava com a gente como se fosse nosso amigo ou irmão mais velho, tinha uma experiência de vida sensacional. Foi ordenado padre pelo Papa João Paulo II, no Rio de Janeiro, quando o pontificie esteve no Brasil pela primeira vez em 1980. Antes ele era "Irmão Leigo" (não sei o que é isso), desde que chegou ao brasil, no final dos anos 60.

Era um apaixonado pelo escotismo, tinha objetos relativos ao movimento do mundo todo. Era ligado à UEB/PR e por isso, já havia participado, desde que chegou ao Brasil, da fundação de pelo menos 3 grupos escoteiros nos lugares por onde passou, nas atividades da igreja católica. Após sua ordenação à padre, por volta do inicio do ano de 1981, foi designado como reitor do Seminário Xaveriano em Laranjeiras do Sul, vindo a conhecer e estabelecer uma sólida amizade com meu pai que era ligado aos movimentos da igreja naquela cidade.

Ao que se sabe, nunca houve, até então, nenhuma manifestação do movimento escoteiro em Laranjeiras do Sul. Na região havia apenas o Grupo Escoteiro Salto Osório, em Quedas do Iguaçu, fundado pelos funcionários que construiam a usina hidrelétrica naquela cidade.

Existia um sujeito, chamado Acelor, que era funcionário da Eletrosul, empresa que construia a Usina Hidrelétrica de Salto Santiago, distante uns 30 Kms de Laranjeiras do Sul. A vila da Eletrosul no início da obra era ao lado da barragem da usina, e esse Acelor já havia participado do movimento no Estado do Rio Grande do Sul (se não me engano). Por influência dele, houve a fundação naquela vila, a exemplo de Salto Osório, o Grupo Escoteiro São Francisco de Assis.

Mais tarde, em grande parte pela falta de estrutura, a Eletrosul resolveu contruir sua vila residencial na cidade de Laranjeiras do Sul, e consequentemente, o grupo escoteiro também foi para lá transferido. A vila se estabeleceu ao lado do seminário, e conversa vai conversa vem, descobriram que o padre Flávio era escoteiro, e mais, era nomeado comissário distrital daquela região.

Como o grupo já existia na vila da eletrosul no salto santiago, ficou tudo mais fácil. Algumas reuniões para aparar algumas arestas, com a participação de alguns funcionários da Eletrosul, principalmente, estava criado naquele momento o Grupo Escoteiro São Francisco Xavier, em homenagem ao santo patrono dos missionários xaverianos.

Meu irmão tinha 8 anos recém completados, porém, eu ainda tinha 6 anos e meio e naquela época era permitido o ingresso na alcatéia antes de completar 7 anos, desde que o menino ou menina soubesse ler e escrever (não sei se ainda vigora essa regra), e eu já sabia ler e escrever antes de entrar na 1ª série, que naquela época era onde as crianças eram alfabetizadas.

Haviam três matilhas, e fomos colocados juntos na matilha marrom. Minhas etapas de pata tenra foram sofriveis, isto porque no início a chefia do grupo era bem exigua. Acredito que haviam uns 3 chefes que tinham promessa e que entendiam um pouco de como a coisa funcionava. Numa cidade pequena a notícia de algo novo corre rápido, e conversa entre os amigos no colégio, entre adultos, o grupo toda semana crescia mais e mais.

Enfim, no dia 29 de novembro de 1981 fiz minha promessa escoteira, como lobinho, num acampamento de grupo num lugar conhecido na época como Fazenda Becker, hoje um recanto conhecido como "Toca do Leão". Quem fez minha promessa, foi minha Akela na época, chamada Rita de Cássia Becker Mussoi, lembro que o Baloo era um cara super gente boa chamado Cândido Roberto Ayres e a bagheera era Marli Orias de Castro.

Logo em seguida, fui alçado ao posto de sub-primo da matilha marrom, e após aproximadamente 01 ano cheguei a condição de primo da mesma matilha, na qual permaneci, até meu desligamento do grupo por volta do final do ano de 1985, quando nos mudamos de cidade. Na época eu receberia a trilha escoteira, mas não houve tempo, só houve tempo para chegar até a segunda estrela e 10 especialidades.

Um pouco antes de eu fazer a minha promessa, eu pai fez a promessa e assumiu a função de tesoureiro onde permaneceu até a metade do ano de 1982, sendo que o padre Flávio o nomeou chefe de grupo (hoje chamado diretor técnico), pois o Acelor havia sido transferido pela Eletrosul de obra, algo que era rotineiro aos chamados "barrageiros" naquela época.

Um pouco antes, precisavamos construir nossa sede própria, pois até então, se resumia a uma sala no seminário. Foi então que a Eletrosul, doou duas casas enormes, dessas de canteiro de obras, feitas em compensado, o grupo adquiriu mais alguns materiais e alguma mão de obra efetuado por alguns pais e construiram uma excelente e enorme sede para todas as seções com divisões para patrulhas e matilhas e mais algumas salas com escritórios e almoxarifado. A sede foi construida dentro do terreno do seminário, no meio daquelas eucaliptos que se pode ver na foto de uma promessa no post abaixo.

O grupo participou como padrinho da fundação do Grupo Escoteiro Guara-Puava em 1983, onde prestou todo o auxilio necessário para formação e estruturação desse novo grupo. Lembro-me que participamos de uns dois acampamentos em conjunto com o Guara-Puava, que no início já contava com um pessoal de qualidade, e num desses acampamentos houve as primeiras promessas de escoteiros e lobinhos, realizados no Parque Lacerda Werneck em Guarapuava, não me recordando ao certo a data, mas lembro que fazia muuuuuito frio naquela oportunidade.

Bem, em 1985, nos desligamos do grupo, em função de mudança por motivos profissionais do meu pai. Naquela altura o grupo possui uma quantidade enorme de pessoas participando e o que é melhor, com qualidade, com adultos preparados para o trabalho nas seções e com uma excelente diretoria, composta por pais extremamente comprometidos com o grupo.

Ficamos sabendo mais tarde, que por falta de motivação, muita gente foi abandonando o grupo e aos poucos ele foi se acabando. O padre Flávio que era um grande incetivador e entusiasta do grupo, foi transferido para uma paróquia no norte do Paraná. Enfim, por volta de 1987 o grupo finalmente e tristemente foi extinto.

Tempos depois sem-terras, invadiram a sede construída com muito sacrifício, e após uma reintegração de posse efetuada pela direção do seminário, os invasores desmancharam e levaram embora toda a estrutura da sede, se apoderando de tudo que lá havia, não sobrando um prego sequer.

Por volta do ano de 1991, pelos esforços de algumas pessoas daquela cidade, novamente fundaram um grupo escoteiro no mesmo local do anterior e com o mesmo lenço do antigo grupo, porém agora com outro nome... Araucária Centenária, em função de uma gigante araucária existente no enorme terreno do seminário, que segundo relatos possui mais de 100 anos e foi adotada pelo novo Grupo Escoteiro. Pelas circunstâncias da vida, vim a participar desse grupo por volta de 1996, porém não tive participação na sua fundação.

Lenço do G.E. Araucária Centenária da década de 90

Um comentário:

  1. Nossa eu fui escoteiro no Grupo em Salto Osorio, la entrei como escoteiro e terminei como senior, lembro mto bem do Chefe de Tropa João Henrique, do Iradi, chefe rubens, nossa bons tempos!!!!

    ResponderExcluir