sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

O papel dos escoteiros em um caso de calamidade pública

Que o escotismo deve estar inserido diretamente em sua comunidade, isso já estamos cansados de falar. Geralmente os escoteiros que buscam fazer alguma coisa, dando o primeiro passo para esse contato. Existem também casos aonde nem a comunidade da o primeiro passo, nem os escoteiros... Dai o papel do escotismo como formador de cidadãos úteis fica prejudicado.

Mas e quando a comunidade clama por socorro, nós escoteiros estamos preparados para dar a mão amiga?

Bem, o post de hoje será para descrever uma das minhas mais interessantes experiências como escoteiro. A data foi uma sexta-feira, 13 de junho de 1997. Me recordo até hoje que naquele ensolarado dia eu estava na casa de um colega do colégio fazendo um trabalho de Biologia para o Colégio SELS de Laranjeiras do Sul. O clima estava descontraído pois o semestre estava acabando e logo viriam as férias, e eu estava mais alegre ainda, pois com as férias viria o ARP 97 de Londrina (já comentado nesse blog). O trabalho já estava se encaminhando para os "finalmentes" quando o sol desapareceu e começou a se formar no céu uma nuvem muito escura, e começou a ventar (não muito forte, mas o suficiente para fazer os papeis da mesa voarem (estávamos em uma mesa no lado externo da casa), suficiente para que recolhece-mos tudo e fossemos fazer o restante do trabalho no lado interno). Dali em diante o vento aumentou e começou uma forte chuva, seguido de ventos mais fortes e granizo. Esse cenário assustador teve duração de aproximadamente 10 minutos. Após isso a chuva permaneceu fina. Recordo que passado uma hora do "pior", liguei para meu pai, para que ele viesse me buscar, eis que fui surpreendido com a notícia de que na vizinha cidade de Nova Laranjeiras, distante aproximadamente 20 km, havia passado um forte vendaval e a cidade havia sido destruída! Logo fui para casa e vi a movimentação do meu grupo se organizando para ajudar os desabrigados, então, comecei a ligar para os elementos da minha patrulha, pedindo que urgentemente vestissem seus uniformes e fossem até o Colégio CAIC, pois os desabrigados estavam sendo levados para lá. Recordo também que as rádios de Laranjeiras do Sul e região solicitavam exaustivamente doações de roupas, alimentos, materiais de construção e tudo que pudesse ajudar naquele momento.

Ao chegar no CAIC, o cenário era triste. Muita gente encharcada, chorando, assustada, sem saber para onde ir e o que fazer. Logo começaram a chegar os escoteiros, escoteiras, sêniors e guias que atenderam o chamado o foram para o CAIC. Começamos a organizar as equipes: você, você e você vão receber as doações, você forma uma equipe com 5 pessoas para separar as doações (principalmente roupas) por tamanho, você e você irão encaminhar os desabrigados que continuam chegando... e assim por diante...

Recordo ainda que já era tarde da noite, e nenhum escoteiro havia arredado o pé de lá. Estávamos todos com muita fome (e os desabrigados também), mas ninguém reclamava!

Quando a madrugada chegou, e o panico havia diminuído, resolvemos fazer turnos, enquanto alguns iam para casa descansar, comer e durmir, outros continuavam recebendo as doações. Na manhã do dia seguinte, recebi a informação que haviam transferido o ponto de coleta e separação das doações para a Casa de Lideres no centro da cidade, e há uma quadra da minha casa. Fui para lá e junto com meus colegas reiniciamos os trabalhos. Lembro que as doações chegavam de todos os lugares...

Na tarde de Domingo, passado 2 dias do vendaval, tive a oportunidade de ir para Nova Laranjeiras. Ao chegar ao local do vendaval, o cenário era arrasador. A cidade veio a baixo! Casas totalmente destruídas como se um trator de esteira houvesse passado por cima. Recordo que alguns Seniors e Guias foram escalados para ajudar a defesa civil no local do vendaval.

Os trabalhos se mantiveram durante toda a semana, ganhamos o reforço dos sêniors e guias do Grupo Guara-Puava, que lá em casa fizeram seu QG, e que juntos com o Grupo Araucária Centenária, desenvolveram excelentes serviços de auxilio nesse caso de calamidade pública.



Hoje ao cruzar a BR-277 em Nova Laranjeiras, vejo uma cidade reconstruída, muito melhor que antes! E tenho a certeza que o escotismo naquela semana fez nada mais que seu papel, SERVINDO A COMUNIDADE!

2 comentários:

  1. Carina Fernandes Leonida13 de janeiro de 2012 às 10:39

    E verdade me lembro desse ocarido,foi uma tristeza.Lembras que nos fomos para a entrada da cidade de Nova Laranjeiras fizemos uma barreira e começamos a pedir dinheiro para ajudar o pessoal da cidade.Foi muto triste mais fizemos nossa parte na epoca.

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  2. Luana Pavan Bittencourt17 de fevereiro de 2013 às 01:02

    Nossa gente!! Lembro disso perfeitamente...estávamos na casa do Geubert mesmo, conforme o Rodrigo falou e ficamos confusos com o que estava acontecendo. Lembro que ficamos na chuva acolhendo as pessoas, preocupados, mas sem demonstrar nosso cansaço pq naquele momento o que importava era realmente "servir o próximo" e com certeza foi muito gratificante para todos que participaram desse momento.

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