O escotismo entrou na minha vida, talvez, muito antes de eu nascer. Quando minha família entrou no escotismo em 1981, eu sequer era nascido!!! Talvez seja por isso que meu pai volta e meia brinca que eu fui "encomendado" em uma barraca de acampamento!
Brincadeiras a parte, o mais engraçado disso é que eu não tenho recordações da palavra "Escotismo" até os meus seis anos e meio de idade. Meu primeiro contato com esse "negócinho" viciante que só quem já participou pode explicar, foi lá pelos idos de Maio de 1989, me recordo que meu pai disse para eu calçar o meu "conga preto" (que eu sempre amarrava na canela), pois íamos junto com meus dois irmãos num tal de Grupo Escoteiro Cataratas. Eu não fazia a minima idéia o que ia fazer lá, mas minha esperança era de muita brincadeira!!! Me recordo que no carro meus irmãos falavam que eu ia ser um "lobinho", e começaram a contar do tempo em que foram "lobinhos" em Laranjeiras do Sul.
Quando cheguei na AMID (primeira sede do G.E. Cataratas), o local era muito bacana, e vi um monte de crianças da mesma idade minha, mas também garotos e garotas mais velhos. Lembro de nos reunirmos todos e vimos uma cerimonia de hasteamento de bandeira (depois fui descobrir que aquilo se chamava IBOA). Após isso, me recordo que fomos fazer alguns jogos muito bacanas, e mechemos com umas cordinhas aonde eu aprendi fazer um tal de nó direito e nó de correr (aquilo era bárbaro, pois eu sequer sabia amarrar meus cadarços). Aquela tarde foi muito jóia, brinquei bastante junto com um monte de crianças que eu sequer conhecia. Ao final lembro de um jovem com barbas nos convidando para que no próximo final de semana voltássemos para fazer outras brincadeiras. Esse jovem barbudo era o Akelá Hamilton (meu primeiro akelá).
No final de semana seguinte, eu estava ansioso para ir naquelas brincadeiras. Me recordo que chegando lá, teve aquele IBOA e mais alguns jogos diferentes da semana anterior. Me lembro que fomos alinhados, e o Akelá Hamilton foi chamando os nossos nomes, dividindo-nos em 4 equipes, ao qual apelidou por algumas cores. Ao final ele me deixou no final de uma fila apelidada de "marrom". Após algumas explicações, soubemos que a partir dali sempre deveríamos nos organizar com aquelas mesmas crianças, e que o menino la na frente seria chamado de "primo" e eu lá no fundo de "segundo". É uma pena que eu não me lembro nem do nome do "primo" da matilha marrom, nem de nenhum colega daqueles tempos. Talvez o pessoal do Cataratas tenha algum material guardado!
Lembro que passado 1 ou 2 meses fiz minha promessa como lobinho, ela foi feita uma semana depois das promessas de fundação do G.E. Cataratas.
Promessa como lobinho em 1989 |
Quando viemos morar em Guarapuava em 1991, entrei na Alcatéia 1 do G.E. Guara-Puava, pedi para prosseguir na matilha marrom, porem, isso durou muito pouco tempo, pois logo fui convidado para ser o primo da matilha "branca". Permaneci na Alcatéia até Maio de 1993. Foram ótimos tempos, recordo com muito carinho dos ARL's que participei, os acantonamentos, mas principalmente o Akelá Largura. Ele foi um paizão para todos os lobinhos que teve. E é engraçado que olhando hoje todos os cuidados que os pais tem em relação a pedofilia e tudo mais, as varias aventuras que tínhamos sempre em matilhas, seriam o suficiente para qualquer babaca que olha de fora falar: "Nossa, um adulto saindo com as crianças, levando-os na sua casa... Deus do céu!!!". Mas as aventuras extra-reuniões, certamente foram as que mais marcaram os jovens desse akelá. O Tio Laguia como eu carinhosamente lhe chamo até hoje, nos levava para assistir filme, tomar milk shake no Atalaia, jantar no Van Gogh, passear no parque de exposições, ou simplesmente dar uns "rolés" no fuscão que ele tinha (mas Deus o livre se você pisasse no estribo!!!! Era mijada na certa!). Foram tempos legais, do qual eu conservo muitas amizades até hoje, e aonde adquiri destreza no manejo motriz, aprendi a resolver os conflitos com meus companheiros e a manifestar respeito pelas opiniões alheias.
Mas o tempo de deixar a cidade dos lobos chegou e era dada a hora de ir para a cidade dos homens! Entrei na Tropa 1 na Patrulha Raposa (isso é um fato interessante, pois meus irmãos também haviam sido da Patrulha Raposa em outros grupos). Meu primeiro monitor foi o Ralph Spegel (que escreve para esse blog). Foi nesse ramo que aprendi muita coisa bacana com o Chefe Ozório, entre uma delas, ser líder! Meus tempos como monitor da Patrulha Raposa foram de muito aprendizado, e o ponto alto foi no ELO 1996 (um dia ainda conto sobre essa experiência). Diga-se de passagem, esse ELO foi meu ultimo acampamento na Tropa 1, pois em 1997, ingressei no G.E. Araucária Centenária de Laranjeiras do Sul, na Patrulha Corvo, e também tive dois chefes muito bacana, o Zé Mendes e o Mauricio Klackzek.
Entrega da Lis de Ouro em 1996 |
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Jogos da Fraternidade de 1998 |
Apesar de nessa época achar que o escotismo estava muito mudado dos áureos tempos, sempre soube reconhecer que a maior parte da minha formação foi dada pelo escotismo, e se eu era um "bom menino", foi porque o escotismo tinha me ensinado isso!
Era engraçado, que depois que me desliguei do escotismo, eu sempre os via na rua, e nem dava muita bola... mas com o tempo passando, comecei a perceber que tinha muita gente no escotismo que estavam vivendo, aquilo que até então era a minha vida! Aquilo também era a minha história, mas tinham outros protagonistas vivendo-a.... e eu não!
Mesmo meu pai não tendo abandonado o escotismo após seus filhos terem deixado o escotismo, e tendo um grato sentimento pelo escotismo, eu não me via retornando para o escotismo, achava que aquilo havia mudado muito, e talvez eu não me adequaria mais naquele jogo!
Mas em 2008, o chará Marcelo Higinio me perguntou: Porque não voltar? Estamos precisando de ajuda, e você já tem a experiência como jovem... Depois de muita conversa, resolvi ir junto com o Marcelo numa das reuniões do Grupo Guara-Puava. Desde então fui me envolvendo mais, e hoje o escotismo retornou para a minha vida. No começo eu achava que não teria muito tempo para o escotismo, mas com o passar dos dias fui me envolvendo e aprendendo...
Hoje, como adulto no movimento, vejo o escotismo como uma excelente ferramenta para construção do comportamento e desenvolvimento dos jovens. Sou muito grato ao escotismo e a todos os chefes que me ajudaram em minha formação como homem, e como forma de agradecimento, to aqui contribuindo para o movimento escoteiro, e tentando fazer com que os jovens também tenham as excelentes experiências, iguais as que eu tive... Essa é a minha forma de agradecimento aos chefes que me formaram, e assim eu espero que os jovens de hoje façam o mesmo com os escoteiros do futuro.
E sabe o que é mais engraçado??? Mesmo adulto, continuo aprendendo até hoje!!! E é isso que me motiva...
PS.: O final dessa história ainda esta sendo escrito!!! Quem sabe eu conto pra vocês daqui uns 50 anos!?!?!?
Parabéns pelo comentário!!! Nos fez lembrarmos de nossas histórias no escotismo!! E uma vez escoteiro sempre escoteiro!!
ResponderExcluirIsis